Cal Newport é um professor-pesquisador (que parece ser bastante competente em sua área) da área de Computação na Universidade de Georgetown, em Washington, DC.
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Newport escreveu o livro Trabalho Focado (em inglês, Deep Work), publicado nos EUA em 2016 e lançado em versão traduzida para o português em 2018.
O conceito de trabalho focado é bem simples e nem precisa ser explicado (leia este meu outro post sobre o assunto). Escrever é o exemplo principal de trabalho focado para alunos de pós, mas programação também exige, via de regra, trabalho focado.
O importante para o aluno de pós-graduação, principalmente para aqueles que trabalham em tempo integral, é reconhecer a necessidade de conseguir tempo para praticar trabalho focado.
Newport deixa claro que trabalho focado não é somente um hábito. É uma habilidade. Você fica melhor com a prática. E você precisa praticar para ficar melhor.
No começo talvez você não consiga fazer trabalho focado por muito tempo.Talvez consiga por uma hora e com dificuldades. Após alguns meses, se você conseguir chegar a 3 ou 4 horas por dia de trabalho focado, já será ótimo.
Trabalho superficial (isto é, não focado) também é importante na pós-graduação. Algumas tarefas não exigem foco (por exemplo, busca e download de artigos em bases de dados). Trabalho intelectual focado cansa. Quando cansar do trabalho focado, use o tempo disponível para fazer trabalho superficial.
Escolher a Filosofia de Profundidade
Um das melhores partes do livro é quando Newport descreve as quatro Filosofias de Profundidade para o trabalho focado.
A filosofia monástica não é uma opção realista para quem trabalha e estuda. Ela consiste em você viver praticamente desconectado do mundo. Donald Knuth, Prêmio Turing, utiliza esta filosofia.
A filosofia bimodal também não é uma opção realista para quase ninguém. O melhor exemplo que Newport dá é o de Carl Jung. Quando ele precisava escrever, saia de Viena e ia passar alguns dias em sua casa de campo em Bollingen. Como fazer isso regularmente trabalhando de segunda a sexta (ou sábado) e tendo compromissos familiares nos fins de semana?
A filosofia rítmica parece ser a ideal para alunos de pós, pois oferece uma boa combinação de esforço com resultado. A ideia é você separar algumas horas todos os dias para dedicar-se às atividades da pós.
Brian Chappell, um dos exemplos de adoção desta filosofia que Cal dá em seu livro, após conseguir um emprego durante seu doutorado, passou a acordar 5h30 e trabalhar até 7h30. Depois de algum tempo, passou a acordar 4h45, “para obter ainda mais profundidade matinal” (p.110). Ou seja, 2h45 por dia, de segunda a sexta. Como isso, ele conseguia escrever 4 a 5 páginas de sua tese por dia, um capítulo a cada duas ou três semanas.
A filosofia jornalística é, segundo Newport, para praticantes avançados. Consiste em conseguir produzir a qualquer momento em que surja uma oportunidade. Por exemplo, naquele período de uma hora entre uma aula e outra. Walter Isaacson, jornalista, autor de biografias de Steve Jobs, Leonardo da Vinci, e do ótimo livro Inovadores, é adepto desta filosofia.
O próprio Cal Newport diz que não consegue seguir a filosofia rítmica por conta de seus horários (aulas, reuniões, etc.) que nem sempre estão sob seu controle. Ele diz fazer uma combinação da rítmica com a jornalística. Newport marca na agenda, com antecedência de alguns dias, os horários de trabalho focado, e tenta seguir. Se surge algum imprevisto, seja bom (uma reunião desmarcada) ou ruim (uma reunião agendada de última hora), ele corrige seu planejamento.
Meu aluno Wilson Bissi (já formado) seguia a filosofia rítmica. E você, qual segue ou seguiu?
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