quinta-feira, 2 de maio de 2019

Os problemas com a Academia

Abaixo posto alsguns trechos sobre Academia (Universidades e Instituições de Pesquisa) de "Arriscando a Própria Pele", de Nassim Nicholas Taleb. Leia o livro! Estes trechos são apenas um lembrete para mim.



(…) Um chefe de departamento um dia veio até mim e me disse: “Da mesma forma que, enquanto empresário e autor, você é julgado por outros empresários e autores aqui, como acadêmico, você é julgado por outros acadêmicos. A vida é sobre avaliação por pares.”. Não, empresários como tomadores de risco não estão sujeitos ao julgamento de outros empresários, apenas ao de seu contador pessoal.
Você pode definir uma pessoa livre precisamente como alguém cujo destino não é central ou diretamente dependente da avaliação por pares
Ser revisado ou avaliado por outros importa apenas se e somente se alguém estiver sujeito ao julgamento de futuros - não apenas atuais - outros. 
Os pares contemporâneos são colaboradores valiosos, não juízes finais. 
De fato, há algo pior do que a avaliação por pares: a burocratização da atividade cria uma classe de novos juízes: administradores universitários, que não têm ideia do que alguém está fazendo, exceto por meio de sinais externos, e se tornam os árbitros reais. 
A academia tem uma tendência, quando não controlada (pela falta de pele em jogo), a evoluir para um jogo de publicação auto-referencial ritualístico. 
Agora, enquanto a academia se transformou em uma competição atlética, Wittgenstein manteve o ponto de vista exatamente oposto: no mínimo, o conhecimento é o contrário de uma competição esportiva. Em filosofia, o vencedor é aquele que termina por último, disse ele. 
Qualquer coisa que cheira a competição destrói o conhecimento. 
Deve-se dar mais peso à pesquisa que, apesar de ser rigorosa, contradiz outros pares, particularmente se implicar custos e danos à reputação de seu autor.
Alguém com uma grande presença pública que é controverso e assume riscos por sua opinião é menos provável que seja um vendedor de bobagens. A desprostitucionalização da pesquisa será eventualmente feita da seguinte maneira. Forçar as pessoas que querem fazer “pesquisa” a fazê-lo em seu próprio tempo, isto é, a obter sua renda de outras fontes. Sacrifício é necessário. Para que sua pesquisa seja genuína, eles devem primeiro ter um emprego diário, ou pelo menos passar dez anos como: fabricante de lentes, atendente de patentes, operador da máfia, apostador profissional, carteiro, agente penitenciário, médico, motorista de limusine, membro de milícia, agente do serviço social, advogado, agricultor, chef de restaurante, garçom de alto volume, bombeiro (meu favorito), faroleiro, etc., enquanto eles estão construindo suas idéias originais. 
Não tenho nenhuma simpatia por pesquisadores profissionais chorões. Lembre-se de que a ciência é uma regra da minoria: poucos vão comandar o show e fazê-la funcionar, os outros são apenas os soldados da retaguarda.
As ideias precisam ter pele em jogo. Você sabe que uma ideia falhará se não for útil e, portanto, vulnerável à falsificação do tempo.

----------------
Versão inicial em inglês: http://www.dainf.ct.utfpr.edu.br/~adolfo/dokuwiki/doku.php?id=blog:the_problems_with_academia
Tuitada em