segunda-feira, 16 de março de 2020

Como mudar do aprendizado presencial para o online, com o mínimo de estresse, esforço e miséria, por Paul Ralph


Nosso princípio orientador é manter tudo o mais simples, de baixa tecnologia e que não exija internet rápida (a mais baixa largura de banda possível).

Recomende textos para serem lidos: tutoriais on-line, trabalhos acadêmicos, posts em blogs interessantes e até mesmo artigos da Wikipédia. Peça aos alunos que escrevam breves reflexões sobre os artigos (por exemplo, o que foi mais surpreendente para você sobre isso?).

Não dê palestra. As palestras em vídeo, ao vivo ou gravadas, são cheias de bugs, chatas, exigem internet de alta velocidade, são difíceis de produzir e de valor pedagógico limitado. Apenas não faça.

Se você quiser dizer algo que não esteja nos textos a serem lidos, escreva para os alunos. Deixe os alunos fazerem suas próprias anotações; é bom para eles.

Pense no curso como uma série de tarefas: leia isso, responda a esta pergunta, encontre cinco delas, complete este conjunto de problemas, escreva um programa que passe nesses testes, etc.

Cada "aula" agora é um conjunto de tarefas inter-relacionadas. Todas as tarefas são "produtos" entregáveis.

Peça aos alunos que enviem tarefas individualmente, mas dê nota ao conjunto. Você não pode dar nota a 30 tarefas ponto a ponto. Observe todo o portfólio e julgue sua finalização e qualidade. Envie fotos de tarefas escritas à mão.

Substitua os exames por projetos, se possível. Caso contrário, faça uma prova com consulta e para ser feita em casa contendo perguntas que exijam respostas longas, tarefas de programação ou provas matemáticas; nada de perguntas objetivas.

Tente personalizar as perguntas para os alunos (por exemplo, como o desenvolvimento orientado a testes afetou seu grupo de trabalho?).

Conceda um tempo limitado para os exames. Por exemplo, postar as perguntas às 14:00; respostas até às 16h ou questão 1 às 14h; Q2 14:30; Q3 15:00, etc. Certifique-se de que os alunos estejam ocupados demais concluindo o exame para ajudar outras pessoas.
Projete perguntas de forma a inibir a colaboração.

Para dissuadir a cola, explique que usamos sistemas sofisticados para determinar se os alunos copiaram texto ou código da Web ou um do outro. Também podemos pegar trabalhos comprados dessa maneira.
Diga a eles quantos você pegou trapaçeando nos anos anteriores e o que aconteceu com eles.

Continue tendo horários de atendimento. Dê aos alunos seu Skype, Zoom, número de telefone, o que quer que seja, e os horários em que você está disponível para chamadas. Incentivar as chamadas. Desencorajar email.
Não use piazza ou ferramentas semelhantes - elas parecem ótimas até que algo dê errado e você não possa controlá-las.

Assuma que seu sistema de gerenciamento de aprendizado (ex. Moodle) pode falhar. Evite fóruns de discussão, wikis, questionários on-line, qualquer coisa que envolva vídeo, sistemas complicados de envio de trabalho e ferramentas externas de aprendizado.

Permita que os alunos enviem por e-mail se o Sistema de Gerenciamento de Aprendizado falhar.


Paul Ralph é professor da Universidade de Dalhousie, no Canadá.

Original em inglês: https://threader.app/thread/1238804323825520640

Primeira versão desta tradução:  http://bit.ly/2TV5peM