domingo, 29 de junho de 2025

A próxima fronteira é a Ciência Aberta, Fernanda Madeiral (CIn - UFPE)

 Na minha visão, a próxima fronteira é algo maior, que não inclui só engenharia de software: é a ciência aberta. Desde o meu doutorado, eu já tinha interesse no tema, principalmente no sentido de tornar os artefatos de pesquisa disponíveis e os artigos abertos no Arxiv, como você mencionou anteriormente, mas nunca tinha feito pesquisa sobre isso. Há mais ou menos um ano e meio, fui convidada pelo Sérgio Soares, da Federal de Pernambuco, para uma colaboração no projeto de doutorado de uma aluna dele, que agora também é minha aluna, eu sou coorientador dela, Ana Paula Vasconcelos, pra fazer pesquisa em Ciência Aberta. Inclusive, já tivemos nosso primeiro artigo submetido.

Mais recentemente ainda, o Sérgio e eu começamos a colaborar também com outros pesquisadores brasileiros que foram os pesquisadores brasileiros que na verdade levaram o Workshop de Open Science para o CBSOFT: Christina Von Flach, da Federal da Bahia, e o Edson Júnior Oliveira, da UEM, e também o Alcemir Rodrigues Santos, da Universidade Estadual do Piauí.

A ciência aberta é muito importante para a construção de conhecimento em projetos de pesquisa. Ela ajuda na disseminação, por exemplo, se colocamos o pré-print do artigo no Arxic mais cedo, o que também ajuda a garantir a originalidade pela data de registro. Além disso, auxilia na reprodução de estudos, que é uma necessidade grande, pois nenhum estudo é definitivo. No entanto, esse tópico não é tão explorado, especialmente em engenharia de software. Às vezes encontro artigos sobre o tema que não são de pesquisadores da nossa área, o que acho estranho porque nós construímos muitos protótipos e ferramentas, então deveríamos ser muito bons em advogar e compartilhar bons repositórios com nossos dados e ferramentas, mas não existe nem pesquisa para avaliar se estamos de fato fazendo isso.

Veja que estou falando de duas coisas: a aplicação de ciência aberta e a pesquisa sobre ciência aberta. O trabalho da Ana Paula é sobre isso; ela está investigando como o compartilhamento de artefatos tem ocorrido no contexto do ICSE, para vermos em que pé a comunidade de engenharia de software está no sentido de abrir a pesquisa e torná-la utilizável para outras pessoas, para outros pesquisadores.

Na minha visão, a ciência aberta vai ganhar muito espaço nos próximos anos. Em alguns países, como aqui na Holanda, isso já está começando a ser uma exigência das agências de fomento. Ao escrever um projeto de pesquisa para pedir financiamento, você já tem que incluir um plano de como vai armazenar e distribuir dados e software. Se queremos conseguir o dinheiro para contratar um aluno de doutorado, precisamos considerar a ciência aberta, e acho que isso vai fazer com que os pesquisadores não a negligenciem. No entanto, apesar de eu achar que haverá uma mudança razoável em engenharia de software em poucos anos, acredito que para atingir o potencial máximo, o caminho é longo. Isso é uma mudança de cultura. Em vez de pensarmos só no artigo que precisa ser aceito, é um jeito diferente de fazer pesquisa, compartilhando tudo. Desde o início, já temos que ter isso em mente e planejar.
Existe um caminho longo para conseguirmos abraçar de fato a ciência aberta, várias coisas são necessárias. Discutindo com as pessoas com quem tenho colaborado, chegamos à conclusão de que precisamos de mais consciência e melhor educação sobre o tema. Além disso, necessitamos de sistemas de reconhecimento melhores. Em concursos no Brasil, por exemplo, o que conta são os artigos publicados, não importa se você tem um repositório brilhando e utilizável. Este é um exemplo do Brasil, mas, no geral, no mundo, precisamos de um reconhecimento que avalie os pesquisadores também pelo que eles fazem pela ciência aberta. Então, eu diria que essa seria a próxima fronteira, na minha visão.


Veja vídeo em https://dev.to/fronteirases/a-proxima-fronteira-e-a-ciencia-aberta-fernanda-madeiral-cin-ufpe-2jne

Ciência Aberta: Um Chamado para Pensar no Impacto Real da Pesquisa

No Episódio 49 do Fronteiras da Engenharia de Software, tivemos a honra de conversar com Edson Oliveira Junior, professor e pesquisador com ampla experiência em engenharia de software. Ao responder sobre a próxima fronteira da engenharia de software, ele compartilhou visões profundas sobre dois grandes temas que estão moldando o futuro da pesquisa e da tecnologia: ciência aberta e o uso crescente de inteligência artificial (IA) nos projetos de engenharia de software.


Confira em 
https://dev.to/fronteirases/ciencia-aberta-um-chamado-para-pensar-no-impacto-real-da-pesquisa-4m11

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Programas de Pós-Graduação na UTFPR Curitiba em que dá pra fazer mestrado em computação

 

  1. Programas de Pós-Graduação na UTFPR Curitiba em que dá pra fazer mestrado em computação:

    • PPGCA (Computação Aplicada) - Área na CAPES: Computação
    • CPGEI (Engenharia Elétrica e Informática Industrial) - Área na CAPES - Engenharias IV
  2. Características do Programa PPGCA:

    • Programa de pós-graduação profissional.
    • Tendência a ser remoto, embora nem todos os professores concordem.
    • Duração esperada de 2 anos, mas pode se estender para 3 anos.
  3. Bolsas e Apoio Financeiro:

    • Bolsas limitadas pela CAPES (duas para acadêmico, nenhuma para profissional).
    • A maioria dos alunos trabalha, então a falta de bolsa não é um grande problema.
  4. Demografia dos Alunos:

    • Maioria absoluta dos estudantes são homens.
  5. Conclusão do Programa:

    • Ex-alunos seguiram para cargos importantes em empresas e para doutorados.
  6. Doutorado:

    • O PPGCA não oferece doutorado.
    • Possibilidade de fazer doutorado em outros programas.
  7. Disciplinas e Créditos:

    • Mudança planejada para semestralidade.
    • É esperado dos estudantes regulares que façam duas disciplinas por fase.
    • Estudo individual para minimizar tempo em sala de aula.
  8. Possibilidade de Disciplinas Externas:

    • Alunos podem fazer disciplinas na UFPR, PUC e outros programas.
    • Parceria com a PUC para não cobrar taxas de alunos regulares do PPGCA.
  9. Projeto de Pesquisa:

    • Parte central do mestrado.
    • Ajuste do projeto conforme interesse do aluno e do orientador.
    • Importância de um projeto alinhado com o interesse dos orientadores.
  10. Banca de Qualificação:

    • Apresentação de 40 minutos.
    • Documento de 40-70 páginas.
    • Feedback e sugestões da banca.
  11. Flexibilidade no Projeto:

    • Projeto inicial não precisa ser perfeito.
    • Expectativa de um pré-projeto para medir conhecimento.
    • Possibilidade de ajustar o projeto ao longo do mestrado.
  12. Disciplinas e Aulas:

    • Variedade de disciplinas oferecidas.
    • Opção de disciplinas remotas e presenciais.
  13. Contato e Orientações:

    • Recomendações para entrar em contato com professores.
    • Importância de fazer disciplinas externas para enriquecer a formação.


segunda-feira, 16 de março de 2020

Como mudar do aprendizado presencial para o online, com o mínimo de estresse, esforço e miséria, por Paul Ralph


Nosso princípio orientador é manter tudo o mais simples, de baixa tecnologia e que não exija internet rápida (a mais baixa largura de banda possível).

Recomende textos para serem lidos: tutoriais on-line, trabalhos acadêmicos, posts em blogs interessantes e até mesmo artigos da Wikipédia. Peça aos alunos que escrevam breves reflexões sobre os artigos (por exemplo, o que foi mais surpreendente para você sobre isso?).

Não dê palestra. As palestras em vídeo, ao vivo ou gravadas, são cheias de bugs, chatas, exigem internet de alta velocidade, são difíceis de produzir e de valor pedagógico limitado. Apenas não faça.

Se você quiser dizer algo que não esteja nos textos a serem lidos, escreva para os alunos. Deixe os alunos fazerem suas próprias anotações; é bom para eles.

Pense no curso como uma série de tarefas: leia isso, responda a esta pergunta, encontre cinco delas, complete este conjunto de problemas, escreva um programa que passe nesses testes, etc.

Cada "aula" agora é um conjunto de tarefas inter-relacionadas. Todas as tarefas são "produtos" entregáveis.

Peça aos alunos que enviem tarefas individualmente, mas dê nota ao conjunto. Você não pode dar nota a 30 tarefas ponto a ponto. Observe todo o portfólio e julgue sua finalização e qualidade. Envie fotos de tarefas escritas à mão.

Substitua os exames por projetos, se possível. Caso contrário, faça uma prova com consulta e para ser feita em casa contendo perguntas que exijam respostas longas, tarefas de programação ou provas matemáticas; nada de perguntas objetivas.

Tente personalizar as perguntas para os alunos (por exemplo, como o desenvolvimento orientado a testes afetou seu grupo de trabalho?).

Conceda um tempo limitado para os exames. Por exemplo, postar as perguntas às 14:00; respostas até às 16h ou questão 1 às 14h; Q2 14:30; Q3 15:00, etc. Certifique-se de que os alunos estejam ocupados demais concluindo o exame para ajudar outras pessoas.
Projete perguntas de forma a inibir a colaboração.

Para dissuadir a cola, explique que usamos sistemas sofisticados para determinar se os alunos copiaram texto ou código da Web ou um do outro. Também podemos pegar trabalhos comprados dessa maneira.
Diga a eles quantos você pegou trapaçeando nos anos anteriores e o que aconteceu com eles.

Continue tendo horários de atendimento. Dê aos alunos seu Skype, Zoom, número de telefone, o que quer que seja, e os horários em que você está disponível para chamadas. Incentivar as chamadas. Desencorajar email.
Não use piazza ou ferramentas semelhantes - elas parecem ótimas até que algo dê errado e você não possa controlá-las.

Assuma que seu sistema de gerenciamento de aprendizado (ex. Moodle) pode falhar. Evite fóruns de discussão, wikis, questionários on-line, qualquer coisa que envolva vídeo, sistemas complicados de envio de trabalho e ferramentas externas de aprendizado.

Permita que os alunos enviem por e-mail se o Sistema de Gerenciamento de Aprendizado falhar.


Paul Ralph é professor da Universidade de Dalhousie, no Canadá.

Original em inglês: https://threader.app/thread/1238804323825520640

Primeira versão desta tradução:  http://bit.ly/2TV5peM

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Anticast, Projeto Humanos, Tribo Forte e Cafeína Compilada

De acordo com a mais recente PodPesquisa (a de 2018), o Anticast é o quarto podcast mais escutado no Brasil. O criador do Anticast, Ivan Mizanzuk, é também criador do podcast Projeto Humanos. A quarta temporada do Projeto Humanos, sobre o Caso Evandro, estourou e talvez hoje seja até mais famoso do que o Anticast. O Caso Evandro vai virar série documental e livro.

O aplicativo Spotify tem um ranking (Podcast Charts) de podcasts brasileiros. Neste exato momento em que escrevo (não sei a periodicidade do ranking), Projeto Humanos está na posição 45 e Anticast na posição 47.

O podcast Tribo Forte aparece na posição 102 da PodPesquisa. Foi criado por Rodrigo Polesso e conta como convidado regular o Dr. José Carlos Souto, autor do blog Ciência Low-Carb.

O que estes três podcasts têm em comum? Foram criados por egressos da UTFPR.

Ivan Mizanzuk é Doutor em Tecnologia e Sociedade pelo PPGTE-UTFPR (leia a tese dele aqui). Ele fez o curso entre 2010 e 2015. Ambos os podcasts foram criados enquanto ele foi aluno da UTFPR: Anticast em 2011 e Projeto Humanos em agosto de 2015. Mas, ao que tudo indica, sem qualquer ligação com seu doutorado na UTFPR.

Rodrigo Polesso é formado em Tecnologia em Informática pelo DAINF-UTFPR, tendo ingressado no segundo semestre de 2002 e se formado em 2007. O site Tribo Forte, que depois deu origem ao podcast, foi criado apenas em 2016. Hoje o trabalho de Rodrigo Polesso cresceu tanto que ele organiza eventos, como o Tribo Forte Ao Vivo, e escreveu um livro que aparece em algumas listas de livros mais vendidos. Neste exato momento, na Amazon, o livro está em:

  • Nº1 na categoria "Dietas Saúde, Boa Forma e Dieta"
  • Nº1 na categoria "Vida saudável e bem-estar"
Um outro podcast nascido na UTFPR é o Cafeína Compilada. É "um projeto de alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campo Mourão" que  "tem como objetivo divulgar ciência com foco em computação usando linguagem acessível e de maneira descontraída, mostrando sua aplicação nos mais diversos contextos do nosso cotidiano." Ainda não é um sucesso como os outros três acima, mas tem episódios ótimos como este sobre Comunidades Open Source entrevistando o professor Igor Wiese

Em breve teremos também o Emílias Podcast. Aguardem.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Os problemas com a Academia

Abaixo posto alsguns trechos sobre Academia (Universidades e Instituições de Pesquisa) de "Arriscando a Própria Pele", de Nassim Nicholas Taleb. Leia o livro! Estes trechos são apenas um lembrete para mim.



(…) Um chefe de departamento um dia veio até mim e me disse: “Da mesma forma que, enquanto empresário e autor, você é julgado por outros empresários e autores aqui, como acadêmico, você é julgado por outros acadêmicos. A vida é sobre avaliação por pares.”. Não, empresários como tomadores de risco não estão sujeitos ao julgamento de outros empresários, apenas ao de seu contador pessoal.
Você pode definir uma pessoa livre precisamente como alguém cujo destino não é central ou diretamente dependente da avaliação por pares
Ser revisado ou avaliado por outros importa apenas se e somente se alguém estiver sujeito ao julgamento de futuros - não apenas atuais - outros. 
Os pares contemporâneos são colaboradores valiosos, não juízes finais. 
De fato, há algo pior do que a avaliação por pares: a burocratização da atividade cria uma classe de novos juízes: administradores universitários, que não têm ideia do que alguém está fazendo, exceto por meio de sinais externos, e se tornam os árbitros reais. 
A academia tem uma tendência, quando não controlada (pela falta de pele em jogo), a evoluir para um jogo de publicação auto-referencial ritualístico. 
Agora, enquanto a academia se transformou em uma competição atlética, Wittgenstein manteve o ponto de vista exatamente oposto: no mínimo, o conhecimento é o contrário de uma competição esportiva. Em filosofia, o vencedor é aquele que termina por último, disse ele. 
Qualquer coisa que cheira a competição destrói o conhecimento. 
Deve-se dar mais peso à pesquisa que, apesar de ser rigorosa, contradiz outros pares, particularmente se implicar custos e danos à reputação de seu autor.
Alguém com uma grande presença pública que é controverso e assume riscos por sua opinião é menos provável que seja um vendedor de bobagens. A desprostitucionalização da pesquisa será eventualmente feita da seguinte maneira. Forçar as pessoas que querem fazer “pesquisa” a fazê-lo em seu próprio tempo, isto é, a obter sua renda de outras fontes. Sacrifício é necessário. Para que sua pesquisa seja genuína, eles devem primeiro ter um emprego diário, ou pelo menos passar dez anos como: fabricante de lentes, atendente de patentes, operador da máfia, apostador profissional, carteiro, agente penitenciário, médico, motorista de limusine, membro de milícia, agente do serviço social, advogado, agricultor, chef de restaurante, garçom de alto volume, bombeiro (meu favorito), faroleiro, etc., enquanto eles estão construindo suas idéias originais. 
Não tenho nenhuma simpatia por pesquisadores profissionais chorões. Lembre-se de que a ciência é uma regra da minoria: poucos vão comandar o show e fazê-la funcionar, os outros são apenas os soldados da retaguarda.
As ideias precisam ter pele em jogo. Você sabe que uma ideia falhará se não for útil e, portanto, vulnerável à falsificação do tempo.

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Versão inicial em inglês: http://www.dainf.ct.utfpr.edu.br/~adolfo/dokuwiki/doku.php?id=blog:the_problems_with_academia
Tuitada em

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Calistenia ou Treino de Força com Halteres

Calistenia, segundo Mark Rippetoe, não exige da pessoa tanto quanto o treino de força com halteres. Como você usa o peso do próprio corpo, chega um momento em que você não consegue mais evoluir.

Concordo, mas eu não cheguei a este ponto ainda. E "o ótimo é inimigo do bom", como repete tantas vezes o Dr. José Carlos Souto no podcast Tribo Forte.

Sendo assim, vou tentar fazer as duas coisas em paralelo: calistenia nas praças de Curitiba em que há barras e equipamentos para isso, treino de força com halteres (orientado pelo livro Starting Strength de Mark Rippetoe) em casa.

Um dos problemas adicionais do treino com halteres é o custo. Anilhas são caras. Outro problema é treinar em local fechado, que é chato. Mais um problema: e se você estiver cometendo um erro? Quem vai perceber? Um erro com bastante peso pode ser perigoso.

Observação adicional: vi 5 moradores de rua na praça em que fiz calistenia hoje. Está aumentando ainda mais a população de rua em Curitiba?