sexta-feira, 11 de março de 2016

Argumentos Pró e Contra a Existência das Bolsas de Produtividade do CNPq

As Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq são fornecidas "aos pesquisadores que se destaquem entre seus pares, valorizando sua produção científica segundo critérios normativos, estabelecidos pelo CNPq, e específicos, pelos Comitês de Assessoramento (CAs) do CNPq."

Será que elas deveriam existir? Alguns são a favor, outros contra. Meu objetivo neste post é listar os argumentos a favor e contra e deixar o leitor decidir por si. Se você tem algum argumento adicional, comente abaixo!

Por ordem alfabética, começo com os argumentos contra:


  • Cria uma competição não saudável entre os pesquisadores brasileiros.
  • Privilegia os pesquisadores de grandes centros mantendo uma distribuição desigual.
  • Estimula os pesquisadores a produzir mais quantidade em vez de focar em qualidade.

Argumentos a favor:
  • Desburocratiza a liberação de recursos aos pesquisadores com histórico de boas publicações.
  • Estimula os pesquisadores a produzir mais.
  • Cria um incentivo adicional à pesquisa nas universidades. 

Este post será atualizado à medida que eu ficar sabendo de novos argumentos pró e contra.


Os argumentos acima são meus.
Abaixo vou listar os argumentos que receber de outras pessoas.

Argumentos contra recebidos de outras pessoas (ver nos comentários críticas a estes argumentos):

  • Retira recursos de financiamento da pesquisa para colocá-los como salário extra para os pesquisadores. (Contribuição: Armando Neves)
  • Remunera duplamente a atividade de pesquisa de alguns poucos que conseguem a bolsa, sem remunerar os vários que, mesmo em quase igualdade de produção, não conseguem alcançar a bolsa. (Contribuição: Armando Neves)
  • Desvirtua o tripé ensino, pesquisa e extensão, supervalorizando uma das três atividades. Como existem também formas de remuneração para a extensão, o efeito prático é que o ensino, a mais fundamental das atividades das universidades, acaba desprestigiado. (Contribuição: Armando Neves).
  • Bolsas de Produtividade em Pesquisa não aferem a competência, o mérito, mas como seu nome diz, aferem tão somente a produtividade dos pesquisadores, produtividade esta avaliada tão somente em termos de publicações. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
  • Bolsas de produtividade são concedidas aos pesquisadores com maior produtividade, o que, em um país desigual, como o Brasil, significa serem concedidas aos pesquisadores com os maiores e melhores recursos. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
  • Bolsas produtividade são concedidas aos pesquisadores dos grandes centros de pesquisa, situados nas capitais e grandes municípios  do país, que fazem uso dos grandes recursos humanos lá existentes e dos grandes recursos materiais criados há decadas por gerações passadas. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
  • Só bolsistas de produtividade de nível 1 podem eleger e ser eleitos para compor os Comitês Assessores do CNPq, que são os comitês que decidem para onde vai o dinheiro da pesquisa. O CNPq é regido, portanto, por um regime oligárquico, não democrático, onde os oligarcas, os pesquisadores 1, não são os mais competentes, os mais meritórios, mas tão somente, os mais produtivos por possuírem os maiores e melhores recursos. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
  • Pesquisadores fora das capitais e dos grandes municípios, que criam as condições de pesquisa em seus centros sem recursos e que, de fato, são os que desenvolvem o país, são forte e desonestamente prejudicados pelas políticas oligarquicas do CNPq (e também da CAPES e de outras agências de fomento estaduais), que se baseiam nas bolsas de produtividade. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)

Argumentos a favor recebidos de outras pessoas:

  • Por enquanto nenhum.


2 comentários:

  1. Só três argumentos a favor?

    • Cria uma competição não saudável entre os pesquisadores brasileiros.
    Por que a contribuição é não saudável? Eu vejo como uma competição saudável, sim. Se fulano mandou projeto e conseguiu, por que eu não? Se não for contemplado, é um projeto, que pode concorrer a outro financiamento, interno, por exemplo.
    • Privilegia os pesquisadores de grandes centros mantendo uma distribuição desigual.
    Discordo. Estou fora de um grande centro e sou bolsista. Do que acompanho em minha área, a maior parte das novas bolsas estão sendo concedidas a pesquisadores fora do eixo Rio-SP.
    • Estimula os pesquisadores a produzir mais quantidade em vez de focar em qualidade.
    De acordo.
    • Retira recursos de financiamento da pesquisa para colocá-los como salário extra para os pesquisadores. (Contribuição: Armando Neves)
    De acordo.
    • Remunera duplamente a atividade de pesquisa de alguns poucos que conseguem a bolsa, sem remunerar os vários que, mesmo em quase igualdade de produção, não conseguem alcançar a bolsa. (Contribuição: Armando Neves)
    Isso pode ser uma especificidade de áreas. Mas acontece também em outros programas, como o PIBID, por exemplo (e a bolsa é maior em valor).
    • Desvirtua o tripé ensino, pesquisa e extensão, supervalorizando uma das três atividades. Como existem também formas de remuneração para a extensão, o efeito prático é que o ensino, a mais fundamental das atividades das universidades, acaba desprestigiado. (Contribuição: Armando Neves).
    Discordo, o PIBID distribuiu (e em não poucos casos, sobraram muitas bolsas) bolsa para muita gente, aí sem critérios claros (ficou a cargo dos departamentos definir quem receberia).
    • Bolsas de Produtividade em Pesquisa não aferem a competência, o mérito, mas como seu nome diz, aferem tão somente a produtividade dos pesquisadores, produtividade esta avaliada tão somente em termos de publicações. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
    E isso é um problema?
    • Bolsas de produtividade são concedidas aos pesquisadores com maior produtividade, o que, em um país desigual, como o Brasil, significa serem concedidas aos pesquisadores com os maiores e melhores recursos. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
    Talvez em certas áreas, não necessariamente em todas. Eu, por exemplo, não tenho sala na minha instituição para realizar pesquisa (e preciso). Tenho que armazenar equipamentos (sempre os que são móveis, o que já faz com eu perca acurácia) em caixas e levá-los para alguma sala de aula vazia quando preciso trabalhar com meus alunos.
    • Bolsas produtividade são concedidas aos pesquisadores dos grandes centros de pesquisa, situados nas capitais e grandes municípios do país, que fazem uso dos grandes recursos humanos lá existentes e dos grandes recursos materiais criados há decadas por gerações passadas. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
    Talvez em certas áreas, definitivamente não é o caso da área de LLA. Estou tendo que captar recursos e construir essa tal infraestrutura (um trabalho que me tira uma energia considerável que eu poderia dedicar à pesquisa, é bem verdade).
    • Só bolsistas de produtividade de nível 1 podem eleger e ser eleitos para compor os Comitês Assessores do CNPq, que são os comitês que decidem para onde vai o dinheiro da pesquisa. O CNPq é regido, portanto, por um regime oligárquico, não democrático, onde os oligarcas, os pesquisadores 1, não são os mais competentes, os mais meritórios, mas tão somente, os mais produtivos por possuírem os maiores e melhores recursos. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
    De acordo.
    • Pesquisadores fora das capitais e dos grandes municípios, que criam as condições de pesquisa em seus centros sem recursos e que, de fato, são os que desenvolvem o país, são forte e desonestamente prejudicados pelas políticas oligarquicas do CNPq (e também da CAPES e de outras agências de fomento estaduais), que se baseiam nas bolsas de produtividade. (Contribuição: Otavio Carpinteiro)
    Não consigo me ver afetada por isso.
    Meu lattes: http://lattes.cnpq.br/2582841591375626

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Três argumentos a favor foram os que apareceram inicialmente. E três contra.

      O resto foram contribuições dos leitores.

      Qual a sua contribuição?

      Excluir